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MINI CURRÍCULO Coordenadora Pedagógica da Rede Municipal de São Paulo Graduada pela Universidade Paulista-UNIP, Pós Graduada em Docência do Ensino Superior, Educação Infantil e Gestão escolar - ISE Vera Cruz. EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS Formadora da DRE de Itaquera Educação Infantil e Informática educativa Formadora no Ponto de Cultura FAFE-USP (Oficina-Documentação Pedagógica-Tecnologias a Favor da Educação) Formadora no programa ADI Magistério - formação de professores- Fundação Vanzoline Professora de educação infantil e ensino fundamental I e de oficinas de arte no ensino fundamental II- Escola Tecnica Walter Belian

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Orientações didáticas: Planejando a Contação de histórias e o Reconto

O que o professor precisa saber e fazer para organizar uma situação de contação de história ?

A história é uma narrativa que se baseia num tipo de discurso oral calcado no imaginário de uma cultura.

O contador sem o livro tem mais liberdade de acentuar emoções, modificar o enredo segundo as reações da criança e maior pode ser  disponibilidade para trabalhar sua voz e seu gesto o que ajuda em situações com os pequenos bem pequenos e pode ajudar a introduzi-los no universo da leitura de histórias.

Por meio delas podemos enriquecer as experiências infantis, desenvolvendo diversas formas de linguagem, ampliando o vocabulário, formando o caráter, desenvolvendo a confiança na força do bem, proporcionando a ela viver o imaginário.

Além disso, as histórias estimulam o desenvolvimento de funções cognitivas importantes para o pensamento, tais como a comparação (entre as figuras e o texto lido ou narrado) o pensamento hipotético, o raciocínio lógico, pensamento divergente ou convergente, as relações espaciais e temporais (toda história tem princípio, meio e fim ) Os enredos geralmente são organizados de forma que um conteúdo moral possa ser inferido das ações dos personagens e isso colabora para a construção da ética e da cidadania em nossas crianças. Cláudia Marques Cunha Silva

Algumas Orientações para planejar uma boa contação de historia:

Podemos destacar algumas orientações básicas para contar histórias:


1.     Escolha histórias cujo tema faça parte do universo infantil (que despertem o interesse das crianças)

2.     Incentive as crianças diariamente, contando pequenas histórias sem mesmo ter o livro nas mãos.

3.     Use entonação de voz atraente, sem exageros, faça suspense, faça drama, se emocione, expresse sua opinião sobre o tema e dê oportunidade para que a criança também apresente sua opinião.

4.     Enriqueça a narração com ruídos (onomatopéias) como miau! Au! Au! . Evite cacoetes como: aí... então... entenderam... não é?

5.     Use recursos gestuais para enriquecer a contação.

6.     As crianças adoram que se conte a mesma história varias vezes. Se preciso, repita as histórias para que as crianças possam apropriar-se delas 

7.     Pense em locais para além da sala para contra histórias, ambientes diferenciados como num gramado, debaixo de uma arvore, tornam o momento mais agradável . O importante é garantir que todas as crianças estejam confortáveis e possam visualizar o professor

8.    Conheça o texto da história, o ideal é que conte a história com suas próprias palavras. Para isso é importante que ele preparar-se para apresentar a história, principalmente se for fazer uso de objetos, caixas de história, fantoches ou qualquer outro apoio para a contação.

9.     Crie suspense  sobre a história a ser contada, despertar a curiosidade em seus alunos para envolve-los

10.  Preserve a atenção das crianças no local em que a história está sendo contada. (muito barulho, pessoas estranhas interrompendo, etc.).

11.  Envolva as crianças e buscando a participação delas fazendo questionamentos de forma que elas possam interagir com a história que está sendo contada.



O que o professor precisa saber e fazer para organizar uma situação de reconto?
 

 

O reconto é a possibilidade da criança expressar-se oralmente , organizar o pensamento apoiada por uma história já conhecida . No reconto as ideias da criança fundem-se a história, permitindo que ela crie , pense e sinta numa espécie de “faz de conta literário”

  No reconto as crianças podem mudar partes da história, inventar novos desfechos, criar misturando suas idéias ao contexto da narrativa.

Algumas orientações para planejar uma boa situação de reconto:

1.    Sente-se no nível das crianças e se dispor a ouvir com atenção sua narrativa evitando de interrompe-la porém apoiando-a se e quando necessário.

2.    Estimule a criança a recontar a história que ouviu; Se preciso disponibilize apoio para o reconto ( Ex: as imagens do livro)

3.    Oportunize situações para que todas as crianças possam contar historias sem  forçar ninguém.

   4.  Respeite as diferentes formas das crianças elaborarem suas narrativas.

Orientações didáticas: Planejando uma Roda de Leitura



O que o professor precisa saber e fazer para ler para crianças pequenas?

Ler é diferente de contar histórias para as crianças, porém ambas experiências são muito importantes para os pequenos.
Além disso, quem lê para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história; promovendo seu encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro.

Orientações para planejar uma boa situação de leitura:

1.    Antes de mais nada, acredite que as crianças aprendem e se desenvolvem com essa situações.

As experiências de leitura pelo professor possibilita às crianças, uma oportunidade para a ampliar seu repertório e conhecer muitas histórias, contos e textos diversos, além da aprendizagem de comportamentos leitores permitindo que elas construam uma rede de significados que  as auxiliará a compreender melhor as estruturas da leitura e da escrita.


2.    Observe as relações que as crianças estabelecem com o livro e a leitura mesmo muito antes de saberem ler.

Há muitas coisas que as crianças podem aprender sobre a leitura mesmo antes de saber ler:
Que nos livros tem histórias
Que é preciso virar as pagina do livro para ler as partes da história  e que existe um sentido correto para se virar paginas e ler.
Que a história não está só nas figuras, mas numa porção de “risquinhos” que aparecem no papel, por isso é possível  ler mesmo as histórias que não tem figura.
Que quando a gente conta a história pode mudar as palavras mas que quando se lê é sempre igualzinho.
Que a linguagem que usamos para escrever/ ler é diferente da que usamos para falar e é possível perceber as crianças apropriando-se  discursivamente das estruturas convencionais da linguagem escrita tal qual elas aparecem nos diferentes textos (“era uma vez” ,”levou-a ao jardim”) mesmo sem nunca tê-los lido convencionalmente, mas com uma intimidade que só é possível a quem é oportunizado este contato através de leituras constantes e do uso social da leitura e escrita.

3 Goste do que vai ler

Encantar-se para encantar as crianças pois que a condição básica para formação de um leitor é o prazer pela leitura. 

4 Crie situações diárias de leitura com e para as crianças

A regularidade é importante e fundamental na construção de uma familiaridade necessária para a construção do hábito e a apropriação das convenções da língua escrita


5. Organize esse momento da rotina planejando com intencionalidade

Pensar em um espaço acolhedor para as crianças que pode ser na própria sala num canto da sala, num tapete, ou embaixo de uma árvore . Organizá-los de forma que todos possam visualizar o professor.

È importante cuidar também para que esses momentos não sofram interrupções ( Ex:deixar avisado na porta da sala que é hora da leitura)


6. Escolha o livro antes, considerando os critérios adequados a sua intenção e as características, possibilidades e potencialidades seu grupo de crianças

Ajustar sua escolha a sua intencionalidade, cuidando para que esses critérios considerem principalmente a qualidade das obras escolhidas.

6. Conheça muito bem o texto,

 Ensaiar antes a leitura para evitar “tropeços”, utilizar a voz de forma clara e ler com boa entonação e interpretação, dando  vida a história.


Durante a leitura ele deve demonstrar atitude cuidadosa de quem lê para o outro e é referência de leitor: preocupando-se com a entonação , mostrando-se interessado, surpreso, emocionado. Também deve manter-se fiel ao texto, explicitando a diferença entre ler e contar histórias. (OCs)

7. Converse com as crianças antes e depois dos momentos de leitura

 Mostrar o livro, falar da história que será lida e porque a escolheu, citar o nome de quem escreveu/ ilustrou, explorar a capa e o título (ou até mesmo as imagens), ler na contra capa o resumo /sinopse do livro para que as crianças possam antecipar idéias sobre a história que será lida.

8. Considere a relevância de se mostrar ou não as imagens no corpo do texto

Algumas obras pedem a leitura conjunta do texto e da imagem  pois que se complementam, porém, muitas vezes  a preocupação em parar e mostrar as imagens compromete a cadência da leitura. Pensar em formas diferentes de se organizar as crianças ( atrás do leitor de frente para o livro) ou a posição do livro ( no chão no centro da roda por ex.) ou ainda considerar a organização de leitura em grupos menores pode fazer parte do planejamento do professor dependendo da sua intencionalidade. Assim como explorar antes as imagens com as crianças ou ainda combinar que elas irão imaginar as cenas da história. 

9. Respeite o texto sem simplificá-lo ou mudar as palavras ou pular trechos

Lembrando sempre que o leitor apenas empresta sua voz ao autor e, portanto, não tem permissão para alterá-lo È importante que as crianças ouçam novas.expressões e palavras que serão compreendidas dentro do contexto da leitura.  


10. Mantenha uma postura leitora que possa servir como uma referência

È importante que o professor enquanto parceiro cultural seja uma referência de leitor no qual a criança se apóia para construir significados para tanto, durante a leitura ele deve demonstrar atitude cuidadosa de quem lê para o outro se preocupando com sua postura, entonação, mostrando-se interessado e envolvido com o texto.


11. Disponibilize o livro para que o toquem, folheiem, ou até mesmo recontem a história.

Esse é um instante bem interessante para observar as crianças e as relações que estabeleceriam com o livro/ história logo depois da leitura oportunizada pelo educador.

12. Converse sobre a história

Abrir espaços para que falem sobre a leitura/ história Perguntando e (...) opinando sobre o que leu, colocando seus pontos de vista e ajudar as crianças a comentar a leitura, colaborando assim com a construção coletiva de sentidos para o texto. (OCs)


13. Oportunize que as crianças escolham outros livros para que sejam fossem lidos
 Converse com as crianças sobre outros livros e histórias. Oportunize que elas possam escolhê-los para as novas leituras. escolher uma história ou um livro também é um procedimento leitor

14. Garanta o acesso das crianças aos livros
As crianças devem ter contato direto com os livros para folheá-los e explorá-los por conta própria, por isso é importante que o professor organize um canto permanente de leitura na sala  onde elas possam ter livre acesso aos livros. Esse contato direto com o livro ( ...) possibilita não só a construção de procedimentos de manuseio desses materiais e de hábitos como também lhes permite explorar possibilidades de leitura ainda que elas não saibam ler convencionalmente: as imagens, por exemplo, informam e ajudam a antecipar muito do que será explicitado por meio das palavras.(OCs)

domingo, 11 de setembro de 2011

AUTONOMIA PARA ALÉM DA LIBERDADE CONCEDIDA

 Muitas são as situações do nosso dia a dia nas unidades que pedem uma analise atenta que possibilite reflexões e discussões a fim de refinar nossos olhares e qualificar nossas ações. 

 Escolhi falar um pouco sobre nossos instantes de alimentação numa creche  Pública (CEI) de São Paulo que atende crianças de 0 a 3 anos.

  Hoje , grande parte dos CEIs dispõe de balcões térmicos e práticas de auto serviço (ou se preferir, self-service) nos horários de alimentação. Podemos avaliar esse movimento como um avanço protagonizado pela educação infantil se considerarmos que crianças de ensino fundamental  I e II  na mesma rede, são servidos pelos adultos, comem ainda com colheres em pratos plásticos em intervalos reduzidos de 15 minutos nos entremeios das aulas.  
  No entanto, sabemos  que a implantação do Self-Service é muito mais do que uma questão de material ou reorganização dos espaços e pede trabalhar-se com os princípios que norteiam estas propostas.
 Ao mesmo tempo em que nossos “balcões térmicos” povoam nossos refeitórios, não são poucas as vezes que ainda podemos perceber os educadores servindo as crianças, escolhendo o lugar em que se sentarão, pedindo que ficassem em silêncio durante a refeição .

 Sabemos que as reais transformações passam por um longo processo de reconstruções das nossas intenções e ações docentes e que estas, são regidas por concepções enraizadas que pedem mais do que somente se alterar situações estruturais e organizacionais da nossa prática.
 É preciso continuar investindo nas discussões com o grupo para que a implantação do Self-Service no CEI não seja visto apenas como uma mudança organizacional restrita a quem e como se serve um prato. 

Ainda se faz necessário discutir com o grupo questões como:
·     Tempo de espera

·     O papel do educador em situações importantes nestes horários (planejar, observar, avaliar, intervir, mediar)

·     A importância de se considerar as diversas situações sociais e culturais de alimentação
·     O papel do educador no desenvolvimento de bons hábitos de alimentação

Mas penso que o maior dos equívocos é o olhar reducionista de acreditar que essa proposta refere-se unicamente ao deixar ou não a criança servir-se  sozinha.

Nesse sentido parece existir uma permanente confusão entre : 
Desenvolvimento Gradativo da Autonomia
X
Liberdade Concedida

O desenvolvimento gradativo da autonomia pede: 
·     Observar a criança e seus processos
·     Intervir de forma a fazê-la avançar
·     Cuidar no sentido mais profundo da concepção, preocupando-se com o bem estar do outro.

A liberdade concedida , no entanto, independe de qualquer análise e ou observação do processo.

Fica mais fácil compreender se pensarmos no exemplo: 

Espera-se que, aos cinco anos uma criança já saiba cuidar da sua higiene intima sozinha ao fazer suas necessidades. Á ela, então, é concedida a liberdade ir ao banheiro sem o acompanhamento de um adulto. 

Se tivermos o cuidado de observar esta criança poderemos talvez perceber que ela ainda precise de auxílio de um adulto para tal tarefa e essa observação pede do educador algumas intervenções para que ela possa ir construindo gradativamente essa competência. 

Uma educação infantil, que tem como princípio o EDUCAR e CUIDAR e como concepção  a construção significativas de conhecimentos a partir da relação que a criança estabeleça entre o que já sabe e aquilo que é  novo , precisa ter claro a função do educador nesse processo.

Olhar para a criança, analisar o que já sabe, pensar em que pode aprender, planejar intervenções possíveis e observar seus novos avanços, nos deixa claro nosso compromisso permanente com o processo de  desenvolvimento gradativo da autonomia de uma criança. E essa é uma postura que vai muito além de deixar ou não uma criança comer sozinha.  
LIBERDADE CONCEDIDA pede CONCEDER

DESENVOLVIMENTO GRADATIVO DA AUTONOMIA pede CONSIDERAR





sábado, 20 de agosto de 2011

DATAS COMEMORATIVAS

Datas Comemorativas na escola: Sim ou Não e Por que?


Quem nunca se deparou com um grupo de crianças com o rosto pintado e grandes orelhas de coelho e logo pensou:

_ É tempo de  Páscoa!



 Pois, que se fosse em meados de abril e no lugar das orelhas estivessem com cocares de penas, ou mesmo de cartolina na cabeça com certeza seria o Dia do Índio!

Há anos a escola vem pautando a organização de suas atividades, norteada pela “datas comemorativas”.   

 Esse é ainda um dos assuntos mais difíceis de ser tratado no cotidiano da escola e na discussão do currículo da educação infantil.

As unidades ainda sustentam muitas práticas de uma concepção que, de tão enraizada, é difícil superar.

Práticas que muitas vezes desrespeitam os valores culturais, religiosos, econômicos e éticos das crianças e suas famílias.

Uma “comemoração escolarizada” que pouco tem significado para as crianças ou ainda que acabam por estimular o consumismo infantil. 
O que nos tem feito continuar a nos sentir responsáveis pela comemoração de datas religiosas católicas mesmo sabendo que eles representam os dogmas de apenas parte das famílias e crianças e que, além de ferir a liberdade religiosa, ainda os exclui!?

 O que nos faz enfeitar nossas paredes com “Papais Noéis, árvores de natal e presentes” mesmo quando a realidade das nossas crianças envolve despejos, esgoto a céu aberto e pobreza?!





Como aceitar festas Juninas com fins lucrativos que justificam os “concursos de Miss e Mister Caipirinha”, ou que restringem a participação nas brincadeiras apenas àqueles que possam pagar por elas !?




Não se trata de negar o contexto cultural de uma data, seja ela qual for, uma vez que as comemorações estão presentes na cultura de qualquer povo, porém, acreditamos ser imprescindível refletir sobre qual a importância destas comemorações na composição do currículo da escola.

Cabe a cada unidade educacional problematizar a partir de seus saberes e fazeres e pensar e discutir novas formas de tratá-las pra que possam configurar-se enquanto importantes situações de aprendizagem e vivências para todos os envolvidos e que respeitem os valores culturais, religiosos, econômicos e éticos das crianças e suas famílias e os princípios da educação infantil.
Estas contribuições nos ajudam a provocar discussões às vezes doloridas, porém necessárias, num grupo que se disponha a crescer e resignificar suas práticas.

 Deixo aqui algumas citações interessantes sobre o assunto na voz de
 Luciana Esmeralda Ostetto:



    O planejamento baseado em datas comemorativas

Nessa perspectiva, o planejamento da prática cotidiana é direcionado pelo calendário. A programação é organizada considerando algumas datas, tidas como importantes do ponto de vista do adulto. Também aqui são listadas várias atividades, só que as mesmas se referem a uma data específica, a uma comemoração escolhida pelo calendário. Assim, ao longo do ano seriam realizada atividades referentes ao Carnaval, ao Dia de Tiradentes, ao Descobrimento do Brasil, ao Dia do Índio, à Páscoa, ao Dia do Trabalho, ao Dia das mães, e assim por diante, conforme as escolhas da instituição ou do educador, segundo o que ele julgue relevante para as crianças, ou conforme seja possível desdobrar em atividades para realizar com as crianças. Por exemplo:

Dia do Índio – atividades: música do índio e imitação, confecção do cocar do índio (com cartolina), dançar e cantar como índio, pintar desenho do índio, recortar figuras do índio. Qual o critério para a escolha das datas a serem trabalhadas em atividades pedagógicas? Que concepção de história perpassa tais escolhas? Poderíamos dizer que o trabalho com as datas comemorativas baseia-se numa história tomada como única e verdadeira: a história dos heróis, dos vencedores. História que, na verdade, privilegia uma visão ou concepção dominante em detrimento de tantas possíveis, ignorando e omitindo, na maioria das vezes, as diferentes facetas da realidade. Por isso, a escolha é sempre ideológica, pois algumas datas são comemoradas e outras não. Além disso, quem também lucra com as datas comemorativas é o comércio, que aproveita os “dias de “ para vender suas mercadorias, fazendo-nos crer que as pessoas e coisas só merecem ser lembradas uma vez por ano e não diariamente como de fato deveriam. A marca do trabalho com as datas comemorativas é a fragmentação dos conhecimentos, pois em determinada semana os professores trabalham o início da primavera, na outra já entram com o Dia da Criança, tudo isso trabalhado superficialmente e de forma descontextualizada. Na mesma direção, podemos perceber a elaboração ou proposição de “trabalhinhos” “lembrancinhas”, dancinhas, teatros geralmente destituídos de reflexão, por parte do educador, que em momento algum pára para pensar no significado disso tudo para as crianças, se está sendo “gratificante”, enriquecedor para elas. O educador acaba sendo um repetidor, pois todos os anos a mesma experiência se repete, uma vez que as datas se repetem. Talvez uma atividade aqui outra lá, um ou outro trabalhinho seja renovado, mas o pano de fundo é o mesmo. Em relação às implicações pedagógicas, essa perspectiva torna-se tediosa na medida em que é cumprida ano a ano, o que não amplia o repertório cultural da criança. Massifica e empobrece o conhecimento, além de menosprezar a capacidade da criança de ir além daquele conhecimento fragmentado e infantilizado. Quem disse que 1º de Maio é Dia do Trabalho? Há razões para se comemorar este fardo (???)? Em questão de data, não seria relevante falar sobre o dia do trabalhador, revelando o sujeito que está por trás da atividade produtiva? Por que é comemorado o Dia de Tiradentes e não se comemora o Dia de Zumbi, que aliás sequer consta do calendário comum? E a semana da Pátria? Que pátria é essa, de fome e miséria, desemprego e desmandos políticos? O que é o Brasil, o que é ser brasileiro, hoje? Além de todas essas considerações, é possível perceber no planejamento baseado em datas comemorativas a mesma problemática da modalidade anterior. Ou seja, o planejamento acaba sendo planejamento de atividades, a organização prevê listagem de atividades, mesmo que, aparentemente, pareça estar articulando atividades de um mesmo assunto ou tema, no caso a data escolhida para ser trabalhada. A articulação é aparente justamente porque não amplia o campo de conhecimento para as crianças, uma vez que as datas fecham-se em si mesmas, funcionando mais como pretexto para desenvolver esta ou aquela atividade ou habilidade. Se na perspectiva anterior a listagem era: modelagem com argila, recorte-colagem, pintura de desenho mimeografado, na perspectiva das datas comemorativas teríamos, por exemplo, no Dia do Índio, modelagem da “casa” do índio, com argila, recorte-colagem de figuras de índios ou do que eles comem, pintura de desenho de índio mimeografado. “Ah! Mas na sociedade todos falam, todos comemoram essas datas!” As crianças vêm prá creche falando... “É certo que as crianças trazem para a creche o que vivem, ouvem e vêem fora dela. Mas será argumento suficiente essa evidência? Qual o papel da instituição de educação infantil, repetir/reproduzir o que circula na sociedade em geral ou discutir e questionar os conteúdos e vivências que trazem as crianças? É apenas “respeitar” a realidade imediata da criança, ou ampliar sua visão de mundo? É discutir e negociar significados ou legitimar um sentido único, veiculado nas práticas comemorativas de consumo?

Planejamento na Educação infantil:mais que a atividade,a criança em foco.In: OSTETTO,Luciana Esmeralda.(Org.). Encontros e encantamentos na educação infantil ...


sexta-feira, 15 de julho de 2011

TRABALHO NO CEI WALTINHO

Pintando sonhos no chão do CEU

Pintamos brinquedos no chão do CEU com o objetivo de criar novos espaços de brincadeira para as crianças , do CEI e do CEU

Foi um trabalho quase insano!
Dores no corpo de ficar horas e horas  agachados no chão.
As mãos, manchadas de tinta, ásperas e doloridas  pela rudeza do trabalho.
E aqueles matinhos no meio do cimento que só se conseguia arrancar com muita força?!. Aliviou bastante na hora em que o Marcos e o pessoal da limpeza vieram para ajudar.




E as crianças da EMEF então?! Grandes parceiros!!!!!





Mas acho que a parte mais difícil mesmo foi perceber que algumas pessoas não compreendiam  o porquê de todo aquele esforço. Afinal, nas nossas atribuições não faz parte “pintar chão”.


Mas nem o cansaço nem as câimbras conseguiriam nos fazer desistir do nosso propósito, porque o que estava em jogo era muito mais do que loucura, era sonho! Sonho de uma escola melhor para todas as crianças não interessa o seu berço e não interessa o preço.


Aquela era nossa forma de dizer que hoje já sabemos, (para nunca mais esquecer), que brincar é direito de todos e que os espaços de um escola são, antes de mais nada, pelas e  para as crianças .


A educação brasileira ainda é marcada por muitas faltas. Assumir  todos os dias, o compromisso com a qualidade de atendimento das nossas crianças é dar para os nossos sonhos o sobrenome de “ é possível!”


Um dia alguém me perguntou quais os preços que já  eu já tinha pago na luta por uma educação melhor para as crianças . A resposta foi e continua sendo:
_ Nenhum! Se o que está em jogo são sonhos de equidade e liberdade, não existe nenhum preço grande demais para se pagar por isso!

Obrigada por compartilharem conosco sonhos, insanidades, trabalho e realidade.
Irene
julho/2011


Quem sou:



O COORDENADOR PEDAGÓGICO
O coordenador pedagógico ainda se confunde com os diversos papéis que esse profissional desempenhou ao longo da historia da educação:
Chefe, fiscalizador, provedor, organizador de eventos, apaziguador de conflitos, regente...
Hoje, buscamos uma identidade caracterizada pela parceria, formação, um articulador de estratégias, aquele que, por ter um olhar distanciado, pode estranhar o que parece tranqüilo e acomodado e convidar o grupo a resignificar seu olhar e suas práticas.
Assim, a relação entre professor e coordenador, precisa pautar-se na confiança, e no respeito, pois só assim poderá favorecer a constituição dos sujeitos e o crescimento pessoal e profissional de todos.

Algumas considerações sobre o papel do coordenador pedagógico
O cargo de coordenação não é para qualquer um...
É só para aqueles capazes de perceber que nenhum trabalho de equipe se faz onde não houver respeito pelas pessoas, por suas histórias, experiências e saberes.
Ser coordenador...
É saber ouvir, principalmente o que se esconde por traz das palavras, ações e olhares.
É incentivar a participação de todos e acreditar na importância da contribuição de cada um.
É ser democrático; perder um tempo enorme consultando á todos ainda que pudesse ter resolvido sozinho em dez minutos.
É ser capaz de respeitar a decisão do grupo ainda que esta não seja a sua.
É ser capaz de convidar e seduzir ao invés de ordenar, argumentar ao invés de determinar, buscar estabelecer co-responsabilidades ao invés de centralizar decisões.
É terminar o dia, irritado pela lentidão das mudanças, esbravejando sua inconformidade das coisas serem como são e jurar que vai abandonar a educação e, no dia seguinte passar um tempo enorme tentando encontrar estratégias para auxiliar um grupo a se desenvolver e vibrar com pequenos avanços de cada um, mesmo sabendo o quão distantes ainda estamos do ideal.
È insistir, persistir e não desistir da luta por uma educação de qualidade para todos, mesmo consciente de que talvez nunca cheguemos a provar do fruto e mesmo assim não desistir de plantar as sementes.
É acreditar que a educação de qualidade para todos é um dos mais importantes investimentos no sonho de equidade e liberdade!
É aquele que sabe que não se firmam parcerias para trocar modelos, mas para trocar possibilidades. Possibilidades de um saber às vezes sabido, mas adormecido pela rotina, pelo comodismo, pela superficialidade ou pela artificialidade.
Que consegue perceber um movimento verdadeiro que nos toca pelo esforço em dar certo.
Que acredita que não importa o movimento, mas que ele aconteça, não importa a velocidade, mas a direção. Cada um no seu ritmo, com seu jeito pessoal e único de transformar-se, e que sabe que, só assim, se pode antever um avanço conseguido por mérito de todos que se propuseram a mudar sua história.